Marina Silva recorre a testemunho de vida para ilustrar projetos na área da saúde pública
Roberto Carlos Dias
roberto.dias@pioneiro.com
A presidenciável Marina Silva (PV) fechou a rodada de exposição de ideias e projetos para a área da saúde pública nesta sexta-feira, em Gramado, na Serra gaúcha. O frio de 14ºC motivou comentário da pré-candidata sobre o clima, dizendo que era bem diferente do seu Estado, o Acre.
Entretanto, bastou a organização do 26º Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde e do 7º Congresso Brasileiro de Saúde, Cultura de Paz e Não Violência abrir o espaço para a ex-ministra do Meio Ambiente quebrar o gelo e discorrer com segurança sobre o que pensa para financiar o SUS, priorizando a atenção básica.
Na sua explanação, Marina não deixou de alfinetar seus adversários, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), que expuseram suas ideias no mesmo espaço, quinta-feira.
Para iniciar o assunto SUS, Marina recorreu ao testemunho pessoal, de quem usou o sistema público e tem familiares que o utilizam. Por isso, falou da necessidade dos fortalecimentos do Programa Saúde da Família (PSF) e do médico generalista.
— Se tem uma coisa que a gente tinha de concorrer menos é com voto, e se comprometer mais com a saúde brasileira. Com 14 anos, tive a minha primeira hepatite, fui medicada pelo “guarda” (aspas a pedido da pré-candidata) da malária, que passava pelo menos uma vez por ano. Eu estava com hepatite, e ele me medicou para a malária e quase fui a óbito — relatou a senadora.
Em seguida, prosseguiu com a história da vida:
— Quando fui para a cidade, aos 16 anos, porque queria estudar e ser freira, fui atendida como indigente. Os índios e seringueiros iam para a fila dos indigentes.
Após o depoimento pessoal, Marina adentrou com propriedade nos temas que permeiam o congresso em Gramado, que se encerra nesta sexta-feira com a retirada de uma pauta de reivindicações, a ser encaminhada a todos os pré-candidatos. Como Serra e Dilma, a senadora disse que não tinha como não chancelar o compromisso de regulamentar a Emenda 29, mas não deixou de criticar os adversários.
— Esse momento de eleição parece mágico. O Brasil vivenciou 16 anos de experiência com o sociólogo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o operário (Luiz Inácio Lula da Silva, do PT) e não foi regulamentado. Agora, todos mostram disposição e boa vontade, mas o presidente não pode prometer que vai regulamentar, porque não é uma atribuição que cabe a ele, e sim ao Congresso. O presidente pode, sim, mobilizar as bases para aprovar — pontuou.
Marina classifica a promessa de regulamentação da Emenda 29 como uma manobra regulatória.
— Os municípios, pela Emenda, tinham de investir percentuais em torno de 15% e estão investindo uma média de 22%, e a gente não vê ninguém processando os municípios porque a Emenda ainda não está regulamentada. Faltam a União e os Estados assumirem a sua parte _ disparou.
Marina foi aplaudida de pé pela plateia e ouviu declarações de votos espontâneas, de pessoas dizendo que estavam em dúvida, mas não mais as tinham depois de escutá-la.
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